Amor em tempos de Cólera

“Depois de tanto procurar motivações e explicações, depois de tanto palmilhar desvios e bifurcações” – como diz a letra da canção “Navegação”, de Moacir Santos, Regina Werneck e Nei Lopes –, no começo de 1988 fiz meu primeiro show como cantor profissional.

Naqueles anos, minha amiga Adriana Arioli e eu vivíamos uma forte proximidade. Havíamos nos conhecido pouco tempo antes no Instituto de Artes da UFRGS, onde ambos estudávamos “Artes Plásticas”, que era como se chamava o curso, à época. Éramos jovens, compartilhávamos uma enorme aptidão e desejo pela criação, muito gás, muita paixão e muitos sonhos.

Nos meus dois primeiros espetáculos ela esteve junto comigo, passo a passo, me ajudando a produzi-los, elaborá-los: uma parceria intensa que resultou em várias realizações. Algumas delas foram as artes que criamos para as peças de divulgação.

Após minha estreia, ainda no primeiro semestre daquele ano, montamos um segundo show, chamado “Amor em tempos de Cólera”, no qual eu era acompanhado por uma banda com quatro músicos.

Tomando como referência, evidentemente, o título do livro “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Marquez, o espetáculo tinha como propósito expressar nossa visão do momento, da violência e da enfermidade – no caso, sobretudo a Aids que acabara de aparecer, mas também do adoecimento social – que transtornavam nossa juventude, nosso prazer, nosso afeto, nossas vidas. A “cólera”, para nós, era tudo isso e decidimos que o emblema, a figura-chave de representação, seria a imagem de um coração entrelaçado e apertado por espinhos, a exemplo do “coração de Jesus”.

Especialista na técnica da serigrafia, Adri fez as impressões do cartaz que concebemos juntos, enquanto eu fiquei mais com a execução das artes. O resultado foi essa gravura em 4 cores, de tamanho considerável: 85cm X 33cm.

Os shows aconteceram, em dois períodos distintos, no Porto de Elis – emblemático espaço cultural que brilhou naqueles anos como uma das melhores e mais populares casas de espetáculo de Porto Alegre. E, como nosso plano inicial era continuar com as apresentações, fizemos uma tiragem prevendo material para futuras datas. Infelizmente, por vários motivos, isso não aconteceu e, assim, acabaram restando alguns exemplares desse nosso “afiche” a quatro mãos.

Pois bem, 34 anos se passaram e, agora, na pré-venda do meu novo CD, intitulado “De longe e de Perto” – cuja capa estampa justamente uma foto tirada pela Adri, por volta de 1987, que também compartilho aqui –, disponibilizo como recompensas, entre outras coisas, algumas dessas gravuras originais.

Para apoiar o projeto e adquiri-las, acessem meu site: dudusperb.com.br

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